Conheça minha história na Medicina
Desde muito pequena, eu já sabia que queria ser médica. “Eu vou ser médica, vovó”, era o que eu repetia constantemente. Embora eu não soubesse dos desafios que a profissão me reservava, ao longo do caminho, tive experiências que fortaleceram minha escolha dia após dia.
Foi ao descobrir o currículo integrativo da Universidade Federal Fluminense que decidi mudar de estado e de faculdade. Lá, aprendi uma medicina humanizada, que valorizava os aspectos bio-psico-sociais do indivíduo. Logo no primeiro semestre, tive a oportunidade de unir teoria e prática por meio de disciplinas de trabalho de campo, nas quais visitei asilos, escolas, clínicas de saúde da família e lares, compreendendo as complexidades do processo de saúde e doença .

Ao final da faculdade, uma demanda espiritual intensa de um paciente querido despertou em mim o desejo de aprofundar meus conhecimentos sobre espiritualidade na saúde, compreendendo que um cuidado abrangente se baseia em quatro pilares: bio-psico-socio-espiritual.
Em 2010, essa busca me levou a Mumbai, na Índia, onde realizei o internato eletivo no Hospital Bhaktivedanta. Nesse hospital, havia um Departamento de Cuidados Espirituais. Essa experiência foi um marco na minha vida e continua a me inspirar até hoje.

Em seguida, ingressei na residência em Clínica Médica e, posteriormente, em Cardiologia. Realizei minha especialização no renomado Instituto Nacional de Cardiologia, uma instituição que se tornou minha segunda casa e escola. A generosidade dos grandes mestres que encontrei lá me proporcionou a base do conhecimento que tenho hoje sobre os cuidados com o coração.

Durante meus estudos, me deparei com a forte associação entre estresse e doenças cardiovasculares, o que despertou em mim uma inquietação em busca de soluções. Assim, mergulhei na minha principal área de pesquisa, a Cardiologia Comportamental, e vivi uma segunda experiência internacional como residente visitante no University Hospitals da Universidade de Case Western, em Cleveland, nos Estados Unidos, em 2015.
Por dois meses, estudei nos departamentos de Transplante e Insuficiência Cardíaca, além do Departamento de Medicina Integrativa. Foi lá que recebi treinamentos em SMART (Gestão do Estresse e Resiliência) e Mindfulness (Atenção Plena), fundamentais para a pesquisa que desenvolvi posteriormente.

Ao retornar ao Brasil, fui convidada pelo meu orientador a desenvolver um projeto de mestrado na Clínica de Insuficiência Cardíaca da UFF, um verdadeiro oásis no Sistema Único de Saúde, reconhecido por sua excelência em cuidados multidisciplinares e pesquisa. Trabalhei como voluntária nessa clínica por cinco anos.

Lá, criei o PREMA (Programa de Redução do Estresse Meditação e Atenção Plena), que demonstrou melhorias significativas na qualidade de vida dos pacientes com IC. Esses resultados foram destacados em congressos nacionais, como o da Sociedade Brasileira de Cardiologia, e internacionais, como o da American Heart Association .

Por lidar com pacientes em estágios avançados de doenças cardíacas, senti a necessidade de aprimorar meus conhecimentos em Cuidados Paliativos. Durante minha pós-graduação nesta área, aprendi sobre indicação de cuidados paliativos, prognóstico, comunicação, princípios bioéticos e controle de sintomas.
Nesse período, minha avó foi diagnosticada com uma doença cardíaca grave, o que me permitiu aprender teoricamente e na prática sobre a importância desses cuidados e desenvolver o TCC sobre o Significado da Vida em Cuidados Paliativos. O desafio de lidar com pacientes com doenças avançadas e alta carga de sintomas despertou em mim a importância da prevenção.

Saber que 80% das doenças cônicas estão relacionadas ao estilo de vida me motivou a buscar a Certificação em Medicina do Estilo de Vida pelo International Board of Lifestyle Medicine e Harvard Medical School, em 2021. Fiquei encantada com os seis pilares dessa abordagem e com as transformações positivas que eles têm gerado na saúde e qualidade de vida dos meus pacientes.

Em 2022, tive a alegria de ver o PREMA ser selecionado pela Swissnex, entidade governamental, entre 10 projetos de inovação brasileiros. isso me possibilitou apresentar os resultados da nossa pesquisa em grandes centros de inovação como o Inova USP e as Universidades EPFL e de Saint Gallen, na Suíça, país líder em inovação no mundo.

No mesmo ano inaugurei meu consultório particular, buscando um espaço onde pudesse exercer a medicina dos meus sonhos, alinhada com minha filosofia de vida e valores. Foi nesse momento que criei o MÉTODO CARDIO HUG, baseado nos pilares das Cardiologias Integrativa, Comportamental, do Estilo de Vida e Paliativa.

Minha trajetória tem sido marcada por aprendizados, desafios e conquistas e espero continuar contribuindo para a saúde e bem-estar dos meus pacientes, sempre valorizando a prevenção e a integralidade do cuidado.